quinta-feira, 15 de julho de 2010

Charles Chaplin e a Décima Primeira Conferência sobre a mulher latino-americana e caribeña

Começou ontem aqui em BsB a Décima Primeira Conferência sobre a mulher latino-americana e caribeña. Umas 300 delegadas (não poderiam ter arranjado uma denominação menos policialesca?) de trinta e tantas nações fazem parte do evento. Pelo que tenho visto, os papos trazem a mesma melancolia dos anos 60: a “igualdade de gênero”, a "padronização dos salários", "soberania" sobre o corpo e sobre a natalidade, uma "melhor divisão de trabalho" controle da violência doméstica etc, etc. Tudo isso, e o bem estar em geral - segundo essas idealistas companheiras – poderia e deveria estar sob a responsabilidade do Estado, do Mercado e da Família. Ora, isto é uma visão servil e antihistórica. Só podem ter enlouquecido de vez, pois está mais do que claro que foi exatamente o Estado, o Mercado e a Família (com orientação da igreja) que ao longo da história e durante séculos as mantiveram infantilizadas, frigidas, subjugadas e de joelhos como escravas...

Bem que suas reivindicações poderiam ser mais ou menos assim:

1. Não nos falem mais em "igualdade de gênero". Odiamos essa idiotice cult. Não queremos ser iguais a ninguém e a nada. Pelo contrário, lutaremos cada vez mais pela incrementação da desigualdade e da diferença, não apenas com relação aos homens, mas entre nós mesmas...

2. Também é estúpida a reivindicação de “padronização de salários”. Queremos ganhar muito mais. Se os homens aceitaram a miséria que ganham e o desespero em que vivem, isso é problema deles. Nossa mão de obra e nosso saber não podem ser trocados pela misericórdia nem de um patrão e muito menos de um Estado... Aliás, nossa meta verdadeira é ver-nos livres do trabalho, dessa escravidão mesquinha o mais rápido possível... Uma civilização que em vinte e um séculos ainda não se livrou do trabalho tem que questionar seriamente o sentido de sua própria permanência...

3. Ficar resmungando sobre “soberania” a respeito de nosso próprio corpo é pura demagogia. Sempre fomos soberanas nesse particular. O homem, mesmo que quisesse, não poderia e não saberia como sufocar-nos. Para que tenham uma idéia, só descobriram que tinhamos um clitóris há menos de um século! É ridícula a idéia de que precisamos de leis e da polícia para defender-nos. Qualquer uma de nós sabe que poderemos livrar-nos de eventuais bandidos, de nossos tiranos e de nossos verdugos com a maior facilidade... E a respeito da maternidade, aquelas que não quiserem ter filhos que não os tenham em definitivo, ou então que tenham um ou dois, no máximo, mas chega de parir como vacas e de passar o resto da vida resmungando que foi pressão do companheiro, dos espíritos ou do Papa. Do contrário, os homens e até algumas mulheres seguirão pensando e sentindo por nós o que sentia e pensava o genial Charles Chaplin: "Amo, tenho tesão pelas mulheres, mas não as admiro".

4. Enfim, que seja Mesalina ou Joana D’Arc e não Madre Teresa de Calcutá nossa heroína. Chega desse papo idiota a respeito da incompatibilidade, da disputa, da exploração sexual, da divisão de trabalho, etc. E que a sociedade organizada saiba, de uma vez por todas, que muito mais que a pílula ou que a máquina de lavar, o que realmente foi revolucionário em nossa existência foi a invenção do vibrador.

Ezio Flavio Bazzo

3 comentários:

  1. Eu serei a primeira mulher a assinar estas suas reivindicações, retirando a frase de Chaplin (porque esta dói demais) e a alusão a Madre Teresa de Calcutá pela grande admiração que tenho por ela. O resto, assino embaixo.

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  2. PERFEITO!
    Isso de "igualdade de genêros" é mesmo uma já chata idiotice, em nossas lutas não queremos ser nem pensar igual aos homens (embora quase sempre seja o que se ouve por aí...). Penso mesmo que cada ser deve lutar para não se deixar subjugar, mas enquanto não percebermos o tirano que somos jamais conseguiremos nos defender dos tiranos que permitirmos.
    Bom ver um homem se colocando tão bem, mas a minha admiração é pessoal, nem sempre se estende aos demais do mesmo genêro da espécie...

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  3. Faço minhas as palavras de Chaplin, porém com uma certa inversão: "Tenho tesão pelos homens, mas não os amo, e muito menos os admiro". Assim a frase fica perfeita! (rsrs)

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