sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Poeira de cocaína, pedregulhos de crack e sementes de arruda III

Brasília não é e nunca será uma cidade como as outras. Extremamente jovem, completando cinqüenta anos em abril, tem origem e história bizarras. Imagine, qual poderá ser o porvir de uma cidade com apenas cinqüenta anos e já com trezentos e tantos pastores! O escândalo que está em curso é apenas uma das patas da aranha caranguejeira que é. Aqui, mais do que em qualquer outro lugar, como diria Freud, se lida com as questões de dinheiro, sexo e excrementos com a mesma hipocrisia. As religiões que infestam as esquinas e os cérebros são apenas o lero-lero hipnótico para todo tipo de licenciosidades. E depois, é mais do que sabido que freudianamente falando o dinheiro está intimamente ligado e relacionado aos nossos dejetos, ao penico e às misérias secretas de cada um. Todo mundo sabe que dinheiro e fezes estão inseridos no universo da pulsão erótica anal. Em outras palavras: simbolicamente o dinheiro é, por um lado, como merda e por outro equivalente fálico. Por aí a fora e pelos labirintos da neurose, talvez, se possa até chegar a ver o corrupto com outros olhos e a corrupção como um simples sintoma de uma desgraça ainda muito mais profunda. A grande frustração do corrupto é ele não poder enfiar o dinheiro goela abaixo, ele não poder enfiar-se o dinheiro pelo cu. Tem que enterrá-lo em casa, nas paredes de fundo falso, ou então nos porões dos bancos suíços e caribenhos. Vive simultaneamente eufórico e angustiado pela possibilidade de morrer ou ficar demente e seu dinheiro apodrecer lá, como sua merda e manchado por sua miséria.

Ah! Há muita gente no mundo! Há muita gente nesta cidade! Os shoppings e as ruas estão entulhados. Muitas mães, com caras de retardadas, querendo a todo custo levar seus filhinhos e filhinhas para sentarem ingenuamente no “colo” do Papai Noel. Hooooohoooooohooooooooo!!!!! Hoooo! HOOOOooohooooo!

Ezio Flavio Bazzo

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