sábado, 23 de julho de 2005

Memórias da guilhotina


"Visão, é a arte de ver as coisas invisíveis"
Jonathan Swift



Segundo as anotações dos velhos marceneiros da história, as duas vigas verticais dessa máquina vingativa mediam 4,50 metros, e a separação entre uma e outra era de 37 centímetros. A lâmina pesava 7 quilos, era fixada por três esferas, (pesando 1 quilo cada uma) e presa num cabeçalho que por sua vez pesava 30 quilos, constituindo assim, um conjunto de 40 quilos, que percorria uma queda de 2,25 metros antes de cortar o pescoço do condenado. A viga esquerda da máquina pesava 69 quilos, a da direita, por conter o mecanismo de liberação da queda da lâmina, 73 quilos, totalizando, com a máquina já montada uns 580 quilos. Quem já presenciou um ritual desses confessa que ele não era apenas uma deslealdade macabra, mas uma verdadeira convulsão e um alarido de horror. Poderia ser diferente? Não. Pois, como lembrava Alexandre Vialette, a morte, geralmente não tem amigos sinceros.

Por mais que você se espante, a guilhotina faz parte da história recente da França, de Paris e do Estado Judicial implantado em praticamente todo o planeta. Aqui neste país da igualdade, fraternidade e liberdade, até bem pouco tempo (1981) essas «máquinas» eram montadas aqui e acolá, transportadas para o interior do país, para as colônias, para o fundo sombrio e ameaçador das prefeituras, para o meio das praças em alvoroço, enfim, para qualquer lugar onde houvesse cabeças dignas de serem decapitadas.

Quem visitou este território antes de setembro de 1981, correu o risco de passar por ela, de ver seu pescoço colocado nesse umbral estatal criminoso. E o que é mais atordoante ainda neste assunto, é que quem se der ao luxo de pesquisar, de rastrear os abismos por onde a «justiça» trafegou nos últimos séculos, descobrirá que em quase todos os horrores da tortura e das execuções havia também vestígios de perversão e de gozo sexual mórbido. Que na maioria dos massacres coletivos e das execuções individuais havia, associada, uma tormenta libidinosa, a irrupção de uma tara e de uma sexualidade gêmea do crime. Sim, um condenado em seu desespero e em sua agonia era, de alguma maneira, também o objeto do desejo do torturador e do verdugo. E não só o verdugo desfrutava dessa luxúria secreta e desse êxtase, também as massas curiosas e sedentas que lotavam as praças gozavam com a execução e com aquele corpo decapitado, sangrento e morto. Historicamente, parece que o sangue e toda a agonia que acompanha o fim de nossos iguais sempre foi experimentada como ícone erótico-afrodisíaco e como signo religioso. Não é por acaso que a religião mais popular do planeta tem como logotipo, há dois mil anos, um homem pregado numa cruz. Uma espécie de fogueira fálica e de ilusão sanguinária que reduz as pretendidas "revoluções", as pretendidas "justiças" e a própria condenação a meros pretextos. Pretextos para, de uma forma ou de outra, gozar. Em outras palavras, identifica-se sob os pretextos da «justiça» e sob os clamores da turba, aquilo que escrevia V.Hugo: "as unhas do verdugo!", a ereção neurótica das massas, a malícia de um Estado opressor, substituto disfarçado das monarquias e sem legitimidade que continua fazendo do populacho e dos mais indefesos, pólvora para cartuchos, desforra, adubo para vinhas, espantalhos para dispersar pelo campo nas noites em que se precisa afugentar os demônios...

Ao refletir sobre a guilhotina, qualquer um tem a estranha sensação de estar se transmutando numa hiena. (…) Acredito que seria um espetáculo imenso se fosse possível ressuscitar suas vítimas, devolver-lhes o sangue e exibi-las ao lado do Arco do Triunfo sob o som da Marseillaise e tendo ao fundo, enfileiradas, as velhas guilhotinas que o governo francês mantém escondidas do público. Por mim, se não fosse um mísero estudante do Institut des Hautes Etudes de L'Amerique Latine, as exibiria como prova do mau caratismo humano com suas lâminas manchadas de sangue e de merda, com seus carrascos vestidos a rigor, os cestos cheios de crânios decepados, os olhos agressivos de Robespierre, os místicos de Saint-Just, os meigos de Marie Antoinette e os sinceros de Ravachol. Sim, os de Ravachol com a íris intacta, a barba crescida, a testa sem rugas. Depois levaria a todos para jantar lá no Marais, colocaria Edit Piaf na radiola e encheria seus estômagos de qualquer tipo de comida, sem deixá-los opinar e sem me importar com seus regimes alimentares, porque comida, como sabemos, é matéria prima do esterco. (…)

Mas não se deve esquecer que o projeto do Dr. Guillotin teve também razões "humanistas", -me previne um professor da Paris IV-. Dizem que ele só propôs a fabricação da máquina que, aliás, herdou seu nome, para "diminuir o sofrimento" dos executados. Antes da guilhotina mecânica, todos sabem, os condenados eram submetidos, a longos suplícios e a difíceis processos de morte. O sabre nem sempre era usado com precisão e as cabeças acabavam sendo destroçadas, amassadas, praticamente arrancadas antes que a vítima morresse. A guilhotina, neste sentido, como escreve Bessette, e eu o reconheço, foi a típica filha des Lumières. Ela marcou, além de uma inovação no oficio de matar, a aurora dos tempos industriais, a invenção técnica própria para controlar as cabeças em série, tornando cegos os homens: a cabeça de um lado e o resto do corpo de outro. Máquina de aparência eminentemente democrática - ela opera um nivelamento pelo alto-, já que não pode se mostrar egalitaire, se mostrará em todo caso, egalisatrice.

Paris, por mais que se negue e por menos que pareça, é uma cidade paradoxo! Uma espada com duas pontas! Uma tribo empoeirada e com penas de pombas que flutuam de um extremo a outro de suas pontes, de seus cafés, de seus "chambres de bonne"! Uma espécie de Portugal que deu economicamente certo! Algo que fascina e que intriga! Uma cidade que por um lado, exibe e se orgulha de seus esgotos (onde seus dejetos são tratados antes de serem lançados no Sena) e que por outro, gosta de colocar todo o mundo de joelhos diante da fineza de seus costumes alimentares. Uma cidade que pela manhã mostra os estandartes de sua democracia, e que pela tarde envia os imigrantes ilegais para a velha, famosa e temida Conciergerie, endereço que já foi a ante-sala para a guilhotina. Quem vai em romaria ao primeiro normalmente vai à segunda e vice versa. E aqueles que, além disso, tiverem a vontade mórbida de fazer uma excursão ou um tour pelos cemitérios do município e pelos sanitários de Goutte D'or, sairão da França quase com uma especialização em escatologia.

Consegui uma cópia do mapa geográfico das execuções, (Place de Grèves, Place da Révolution, etc, etc), mas não o tomo como referência porque é oficial, e porque grande parte das guilhotinas e das execuções que verdadeiramente me interessam foram invisíveis e sempre estiveram instaladas e funcionando no patíbulo cerebral dos homens, já que esse monstro erigido sobre duas vigas é apenas a materialização de um monstro mais antigo e mais devastador, de um monstro que de séculos em séculos se introduz numa forma nova de martírio e de sadismo, contra os seres.

Apesar dos ditos socialistas gostarem de lembrar que a guilhotina só foi abolida no governo de Mitterrand, é bom lembrar-lhes que nesta data, já havia sido construída a cadeira elétrica e que, por conseguinte, o velho frade poderia estar apenas se livrando de uma peça obsoleta e dando lugar amplo à modernidade. Sim, vemos que na América a modernidade judicial não se inibe e superando a máquina mecânica lança no mercado a máquina elétrica. Por outro lado, quando Mitterrand aposentou a máquina que, durante 200 anos aterrorizou o mundo, os nazis já haviam demonstrado que o gás e as Câmaras de gás também eram eficientes. Todos esses atos, (seja de extinção ou de inovação), podemos ver claramente, além de demagógicos, foram sempre inventos tiranos e covardes. Parafraseando e mesmo plagiando a Camus, é pertinente lembrar que os chamados legisladores, os assassinos legítimos, nunca gostaram de pensar e muito menos de admitir que a Lei é mais simples que a natureza, que quanto mais ela procura atuar nas regiões sombrias e cegas do Ser, mais ela corre o risco de ver aumentar sua impotência na redução da complexidade daquilo que ela quer ordenar. Por outro lado, e o que é mais mórbido, o Estado Judicial é a única entidade que informa a vítima com antecedência e em detalhes, do dia, da hora e da forma de sua sentença.

"Qual criminoso já reduziu sua vítima a uma condição de tão grande desespero e de tamanha impotência?"

Injeções venosas, choques, o azeite fervente, o pelourinho, o ferro em brasa, fuzilamentos, enforcamentos, esquartejamentos. A cicuta, a fogueira das paixões inquisitórias. O afogamento, o cianureto, a espada dos orientais na nuca dos traficantes, dos adversários e das mulheres adulteras.

A máquina da reprodução parece se mover sob o mesmo impulso que move a máquina da destruição. As mães engendram os corpos que o Estado ou a Lei fará em pedaços. Homens matam homens, a indústria da morte é como um escorpião ou como um vampiro que mantém em seu guarda-roupa mil disfarces e mil artimanhas, tudo porque os homens são mentirosos, geneticamente corruptos, arrivistas, exploradores, místicos, contadores de vantagens, uns dementes encurralados…

Em seu trabalho intitulado a História do Parlamento, Voltaire descreve algumas execuções de seu tempo, evidenciando como era canalizado e administrado o ódio sobre um determinado condenado e como se processava o ritual coletivo de sadismo. O espetáculo era, no mínimo, infame! O prisioneiro era amarrado pelos braços e pernas com grossas cordas que o ligavam a quatro cavalos irrequietos. Em seguida, o verdugo lhe queimava as mãos e o peito com azeite fervente, lhe arrancava a pele, os olhos, os dedos e por fim lhe enfiava um cabo de vassoura ou uma espada no cu. A turba estremecia ao mesmo tempo em que sentia um calafrio de êxtase,

O corpo do pobre desgraçado resistia às vezes, até por mais de uma hora. Os gritos de dor excitavam ainda mais tanto os cavalos como a platéia que havia dedicado o dia para assistir a tortura e o assassinato público. Tudo parecia durar bem mais tempo, mas o torturador tinha pressa e facilitava o trabalho dos cavalos dando um corte sutil de espada nos músculos do condenado: órgãos e sangue para todos os lados! Os membros do executado eram arrastados pela praça em festa, as tripas se abriam e a pasta fecal sujava a camisa dos mais curiosos. A justiça e seus lacaios, todos funcionários públicos, se sentia realizada, lavava as mãos, dava baixa de mais um nome nos cadernos contábeis e acreditava haver feito apenas o seu dever.

(Eu não sou mais que um instrumento é a justiça que mata).

O populacho assistia a barbárie como se estivesse na Sorbone assistindo uma aula inaugural ou como se estivesse no Cine Ritz assistindo a uma suruba no palco. (E é assim que se aprende a ter medo e tesão ao mesmo tempo). A repressão dança no fundo patético de sua córnea, e ele se surpreende, mais tarde, fazendo de tudo para ser um cidadão ambíguo, politicamente correto e perverso, já que acredita piamente que a honra aparente e a desonra secreta não conduz ninguém a guilhotina. Só que o pânico privado interfere no desempenho público. Só que as cabeças guilhotinadas não o deixam dormir, só que o medo se converte em ansiedade, em fobia que não se cura com a simples certeza de que o condenado será sempre o [outro].

Longos dias debruçado preguiçosamente sobre as toaletes e sobre as guilhotinas, mas de maneira nenhuma, como já disse, fazendo desses temas o assunto único de meus devaneios, nem o objeto de uma pesquisa acadêmica, onde o pesquisador precisa esgotar as fontes, colocar ordem, lógica, método, estilo e conclusão, além de trilhar um caminho domado por hipóteses e reprimido pela ciência, só porque precisa demonstrar uma idéia, defender uma tese, ser maior que sua obsessão e que sua cobiça. Só porque precisa seduzir um editor, ser recomendado por alguém, tornar-se substituto em alguma cátedra. Aqui não! Aqui tudo foi regido pela frouxidão de um pensamento anti metódico que não quer ter compromisso com absolutamente nada. Tudo foi engendrado no caminho entre a velha Casa do Brasil e as bibliotecas e sob o signo de uma liberdade inventiva e de um certo cinismo consciente, onde me permiti até a ver toaletes onde existia apenas um cofre, uma bússola ou uma caneca de gasolina, e vice-versa. Onde me permiti ver guilhotinas sob qualquer forma arquitetônica que aparecesse no meu caminho, fosse ela medieval, moderna ou futurista... Dois livros caídos na calçada da Gare de Lyon, por exemplo, me parecem duas comportas guardadas por cães sonolentos. Duas pilastras vindas de Côte D'Ivoir, me dão a impressão de ser uma caixa para proteger lentes de contacto ou mesmo um antigo diploma de pergaminho, porém, se vistas de lado, se subo num degrau das escadas para olhá-las do alto, então posso ver com clareza uma panela sem cabo, um tecido azul com manchas de sol ou uma mala usada e esquecida. A transmutação é tão interessante e variada, que se tivesse mais tempo e se buscasse outras posições, tenho certeza que poderia passar horas e horas vendo miragens e frivolidades como se tivesse ingerido um ácido ou queimado um pouco do tabaco marroquino. E é nesse "estado" que sigo sob a tirania imaginativa, meio ébrio, meio lúcido, como se estivesse num dos "fumódromos" da Belle Époque das drogas, cercado de princesas, de perfumes, de cachimbos e de prazeres. Gosto imensamente de rastrear os passos de uma determinada idéia, porque sei que logo a situação se inverte e é essa idéia que passa a colocar-se obsessiva, propositada e "magicamente" em meu caminho...

Paris! Uma das importantes redescobertas que se faz morando aqui, é que os grandes escritores, poetas, pintores, etc., que deram fama e notoriedade a esta cidade, viveram e escreveram suas melhores obras mergulhados na droga: vinho, ópio, éter, haschich, morfina, etc. Entre eles: Guillaume Apollinaire; Antonin Artaud; Charles Baudelaire; Jules Boissière; Paul Bonnetain; Jules Claretie; Jean Cocteau; Emile Cottinet; Charles Cros; René Dalize; Léon Daudet; René Daumal; Robert Desnos; Pierre Drieu La Rochelle; Edouard Dubus; Claude Farrère; Théophile Gautier; Alfred Jarry; Edmond Jaloux; Pierre Loti; Maurice Magre; Guy de Maupassant; Gérard de Nerval; Adolphe Rette; Marcel Schwob, e para que citar mais?

A cabeça do rei aparece sangrando e separada do corpo em diversas gravuras, o espetáculo é brutal, sanguinolento, cartesiano… Ícone máximo da anti-monarquia.

A Biblioteca Nacional guarda e cuida, minuciosamente, de todos os trabalhos sobre esse "período das lâminas", enquanto as edições modernas, os editores-abutres, voltam a explorar tudo de novo. Aqui se pode sentir que tanto a cultura como a vida são plágios repetitivos e descarados, uma reedição bastarda e absolutamente enjoativa...

Mas, além disso, uma coisa é certa: La machine, fille des Lumières, que havia, segundo Foucault, introduzido na França uma nova ética da morte legal, não está mais lá na praça da Revolução, nem nos fundos da casa da família Sanson. Agora retornou para o espírito de porco, podre e anêmico dos homens, do Estado republicano e da política universal em cujos bastidores se continua matando a coices e a socos, sempre para o bem-estar dos gerentes das Grandes Corporações, dos «laranjas» daquelas republiquetas que se orgulham publicamente de serem representantes da violência "legítima" e claro, das matronas dessa época melancólica e de prevaricações vergonhosas.

Voilá! Dizem os franceses.

De minha parte, enquanto me delicio diante da prateleira de História Medieval e desacredito cada vez mais da humanidade, vou pensando: pronto, eis aqui a prova de minha recaída, mais um pouco de meu stronzo, de minha vingança e de minhas imposturas.

Ezio Flavio Bazzo

terça-feira, 19 de julho de 2005

Uma pesudo-metafísica para os ribeirinhos


"Todos os rios correm para o mar e, contudo, o mar não transborda"… (Será?)

Livro do Eclesiastes, 1,7.

Em viagem à foz do Rio São Francisco:

..."O sujeito de chapéu e mais do que impertinente que viajava no mesmo ônibus que eu, em determinado momento de sua ansiedade colocou a mão em meu joelho e com o típico olhar provocador dos maníacos perguntou-me:

-Sabe qual foi a maior contribuição da ciência, até hoje, no campo social e político?

Enquanto buscava a resposta em minha memória ginasiana e listava a descoberta casual da insulina, o teste de Papanicolau, Fleming e a penicilina, os antihistamínicos, a roda, o rádio etc, exibindo-me a manchete de um jornal sobre os atentados em Londres, ele próprio respondeu o que havia me perguntado:

-A dinamite! Sim, a maior contribuição das ciências ao social, a devemos ao químico sueco chamado Nobel. Não podemos esquecer que foi a Suécia, esse paraíso socialista de bêbados, que deu ao mundo a dinamite… E só por curiosidade, observe que esse explosivo à base de nitroglicerina a que se adiciona uma substância inerte é uma palavra feminina…

Como percebeu meu espanto mas também minha empatia por sua teorização, justificou-a em voz alta, sem a mínima discrição:

-A dinamite, essa preciosa substância que pode ser levada dentro de um livro, dentro de um cachimbo, num bolsinho de cueca sem perigo algum, foi a melhor coisa que a ciência já produziu para os milhões e milhões de trabalhadores pobres, humilhados e fodidos do planeta… E digo isto porque com cinqüenta ou cem reais dessa substância se pode produzir mais mudanças sociais do que através das bolsa-escola, das cotas para negros e para índios, das cestas básicas, da suposta democracia, da suposta justiça e do suposto direito… Todo mundo sabe que mais de 3/4 da humanidade atolados como bestas na imundícia das religiões, da tirania disfarçada das repúblicas e dos partidos só não foi completa e absolutamente destroçada pela providencial existência da dinamite. Se Deus até agora só teve ouvidos para os ricos, para os corruptos e para os exploradores, então a dinamite foi uma revelação de Satanás para seu povo, a maioria dos fodidos da terra….

Como aquele era o meu primeiro dia de férias, inclinei a poltrona e dei um jeito de interromper sua fala e seu entusiasmo, sem contudo conseguir evitar que essa temática me acompanhasse da nascente até a foz do rio São Francisco, desse rio que, apesar dos ribeirinhos, dos ecologistas, dos esgotos e dos governos, desliza traiçoeiro e perigoso para o mar.

Ezio Flavio Bazzo